terça-feira, 18 de março de 2014

NOSFERATU

Sinceramente não tem como não gostar dessa banda, se você é um fã de metal dos anos 80 e de NWOBHM, você com certeza vai gostar do som desses caras, eles estão aí a mais de uma década fiéis a sonoridade clássica do metal, quando você coloca o som pra tocar você sente como se tivesse sido gravado no inicio dos anos 80, entrevistamos a banda Nosferatu, respostas muito inteligentes e com muito humor, falando sobre bandas, cena, gravações, dificuldades, conquistas da banda, confiram abaixo:


01- Saudações Hussein, muito obrigado por nos ceder essa entrevista ao nosso blog “Questões e Argumentos”, como vão as coisas com a banda Nosferatu? Quais são as novidades que podemos aguardar pra esse ano de 2014?
Hussein: Saudações Cassius e aos leitores do blog Questões e Argumentos.
A banda está a todo vapor, estamos nos preparando para gravar o nosso primeiro vídeo clipe oficial para a música Blessed by flames of hell, música na qual fizemos parte no split LP junto com a banda Deathhammer da Noruega.
Faltam apenas alguns detalhes e em breve começaremos as filmagens.
Estamos em estúdio gravando o nosso debut álbum.
Nós começamos a gravá-lo em 2009, havíamos gravado toda a parte instrumental e iríamos começar a gravar as vozes, mas tivemos problemas com o estúdio, o dono havia vendido e comprou um bar.
Aí nesse meio tempo a banda mudou de formação diversas vezes e não havíamos gostado do som da bateria e do baixo.
Nós arrumamos outro estúdio, já gravamos a bateria e como vai dar mais trabalho ficar editando as guitarras em cima dela nós preferimos gravar tudo de novo, pois esse estúdio é bem melhor que o anterior.
Em breve estaremos gravando os outros instrumentos.
São 10 músicas, 2 delas sairão em um single 7Ep, será uma co-produção dos selos alemães Destruktion Records e Anger of metal records.
As músicas serão Infected city e Law of the streets.
Esperamos fazer mais shows esse ano em locais diferentes.

02- Vocês são de Campinas – SP, como é a cena no interior de SP, quais bandas da sua região você gosta e poderia citar para os nossos leitores?
Hussein: A cena do interior de SP tem muitas bandas boas, mas confesso que a alguns anos atrás estava melhor.
Muitas bandas acabaram por vários fatores, mas a maioria foi por falta de apoio mesmo.
Algumas casas de shows fecharam, as poucas que sobraram na maioria das vezes rola mais eventos de bandas covers, eles tem que fazer isso senão não conseguem manter o estabelecimento, pois nesses eventos lota de público.
Alguns organizadores de shows parece que perderam o interesse também, pois o público não estava mais comparecendo igual comparecia antes.
Lojas especializadas fecharam, pois o público já não estava mais comprando CDs, etc...
Tem vários fatores, mas espero que a situação melhore.

Do interior eu posso citar algumas bandas, Mortage, Hellish War, Slippery, Tempestilence que são da minha cidade, Havok (Salto), Lecher (Sorocaba), Licantropos (Indaiatuba), Desdominus (Americana) e muitas outras que agora não vem na minha cabeça, mas eu sei que vou lembrar depois que responder a entrevista hehehe.

                     Hussein Salim

03- Quais são as principais influências musicais da banda?
Hussein: Bom, escutamos muitas coisas dentro do rock/metal inclusive algumas coisas fora disso também.
Mas as principais influências são as bandas de Heavy Metal tradicional dos anos 80, principalmente da NWOBHM (New Wave of British Heavy Metal). Vou citar as bandas que fizeram montar a minha hehe Iron Maiden (antigo), Judas Priest, Black Sabbath, Mercyful Fate, Sepultura (essa não como uma influência musical pra banda, mas sim como um exemplo a ser seguido, de que é possível tocar metal no Brasil).
Tem muitas outras, mas é mais como exemplo mesmo.

04- Como tem sido a recepção do split com a banda Deathhammer? É um grande material, união de 2 bandas muito fodas.
Hussein: Está sendo muito boa, melhor do que imaginávamos.
As cópias se esgotaram muito rápido e pudemos divulgar a banda em lugares que nunca havíamos divulgado.
Muita gente passou a ter conhecimento do nosso som.
O material saiu com uma qualidade de primeira, capa feita por um desenhista muito bom, encarte legal, pôster, adesivo, patches.
 A divulgação e distribuição foi muito boa.
Nós tivemos muitos problemas com a gravação, problemas no estúdio, o cara enrolou a gente 9 meses, aí tivemos que terminar em outro lugar, tivemos baixa na formação e vários problemas pessoais, esse material quando saiu compensou toda a desgraça hehe


05- Quais os lugares que vocês mais gostaram de tocar até o momento?
Hussein: Pior que é difícil listar alguns lugares, porque foram muitos.
Aqui na nossa cidade tivemos muitos shows legais, em São Paulo, Porto Ferreira, Indaiatuba, Salto, Minas Gerais.
Se fosse pra listar os que mais marcaram acho que foram os nossos primeiros shows no condomínio que eu morava, pois era tudo novidade e aquilo era mágico pra gente e quando a gente foi a banda de abertura no show do Paul di’anno que teve aqui na nossa cidade. Nós fomos tocar meio com a pulga atrás da orelha achando que a galera não estaria nem aí pra gente, querendo ver apenas a banda principal e quebramos a cara, de uma forma boa claro hehe Nos trataram de igual pra igual, a casa tava lotada, todo mundo agitando e teve gente que veio falar que curtiu mais o nosso show do que a banda principal, esse vai ficar na memória hehe

06- Quais são as principais inspirações para compor as letras da banda?
Hussein: Ah, pode vir de qualquer lugar, um livro, filme, notícia etc... Ás vezes vem do nosso cotidiano, problemas que enfrentamos no dia a dia, mas aí deixamos de uma forma que não fique tão pessoal. Fique mais como uma história mesmo.
No nosso próximo cd, por exemplo, têm várias letras que eu escrevi baseada em experiências pessoais, muitas vezes uma forma de extravasar a minha raiva ou indignação com determinado assunto kkk, mas como eu disse, a gente acaba dando uma “enfeitada” pra não ficar tão na cara assim.

07- Como você vê a cena underground atual no Brasil? Quais os aspectos positivos e o que você acha que pode ser melhorado?
Hussein: Temos excelentes bandas surgindo a cada dia, mas infelizmente muita gente encara a coisa de uma forma muito amadora.
Pessoas organizam eventos com equipamento precário prejudicando as bandas, não querem ajudar muitas vezes nem com dinheiro de gasolina.
Tem lugar que até a água que você vai beber querem cobrar.
Tem lugar que querem te pagar dando uma caixa de cerveja. Porra, então o cara vai trampar o mês inteiro e na hora de receber o salário ganha tudo em cerveja?
Tem gente que gostaria de ganhar tudo em cerveja, mas aí é outro caso hehehe
Tipo, a gente não toca pensando no dinheiro, a gente faz por amor ao som mesmo, mas é tipo casamento, só o amor não paga as contas kk
Muita gente que ta nos eventos não sabe o que se passa e acha que as bandas estão ganhando cachês, que estão com frescura quando reclamam de algo, mas não é bem assim, o buraco é bem mais embaixo.
Muita banda boa acabando por falta de estrutura e muita banda ruim sendo super valorizada porque tem dinheiro e investe numa puta divulgação socando guéla abaixo um som de qualidade muitas vezes duvidosa.
Tem muita coisa que precisa melhorar, não vou dizer que não tem coisa boa, claro que tem, mas se a coisa for levada mais a sério, sem atraso, por exemplo, seria bem melhor.
Tem evento que começa 2 ou 3 horas depois do previsto, a última banda se fode, toca pra meia-dúzia de gatos pingados e por aí vai.
Bandas gastam puta grana pra gravar os seus materiais e às vezes vendem o seu cd barato e o povo prefere fazer download.
Aí à coisa fica difícil mesmo.
Mas temos que continuar lutando pra fazer o underground se profissionalizar cada vez mais, com isso todos terão a ganhar.
Pode ser uma utopia, mas vamos continuar lutando pra melhorar cada vez mais.

                     Nosferatu

08- Qual a sua opinião sobre esse movimento revival dos anos 80, surgido na ultima década? Você acha que isso é algo bom ou ruim?
Hussein: Bom, acredito que como toda moda isso passa.
Uns anos atrás teve uma moda de Black Metal a lá Cradle of Filth e Dimmu Borgir, depois bandas góticas com vocais femininos, bandas de Power metal melódico, aí depois tivemos essa onda de Thrash metal que surgiu bem na época que a internet tava bombando com redes sociais e sites para downloads.
Aí a galera pirou, todo mundo passou a ser “o conhecedor” o old school, sendo que uns tempos atrás estavam escutando slipknot e coisas do tipo kkk
Disso aí pro crossover foi um pulinho. É só analizar como o povo é modista, todo mundo do nada começou a andar de colete com patch até no rabo, aí mudaram e começaram a usar boné com aba pra cima.
Tinha banda punk que nada tinha a ver com Thrash metal e crossover e começaram a se intitular como tal pra se envolver nos eventos etc...
Virou uma zona.
Mulecada com guarda-roupa propício pra cada ocasião, já vi mina um dia vestida de Hard rock glam/slease/farofa etc... kkk no outro de visual crossover, aí no outro true heavy metal, no outro Black metal norueguês misantropo e por aí vai.
Aí usava peita anti-groupie não sei o que lá, mas dava pra todo mundo do role kkk
Aí depois fica queimada, mal falada, vira patricinha ou senão crente e fala que não ta mais nessa.
O que eu vou falar de uma pessoa desse tipo? Kkkk
É aquele negócio, a pessoa acha que todo mundo é alienado, menos ela, fica usando discursinhos manjados achando que é a diferente e no final das contas é a mais alienada de todas.
Antigamente você via nego usando visual, você sabia quem era realmente do movimento, que fazia corres de material, que curtia/conhecia as bandas, dava valor pra uma simples fitinha k7 conseguida na base do suor, trocas através de cartas, zines etc... e não essa moda de pintar a camiseta da demo gravada na casa da tia avó do baterista de determinada banda, só pra poder ser considerado no role e ficar só na bebedeira.
Bom sei lá, falei pra caralho aqui kk mas tipo, o lado bom?
Hum, talvez ajude a chegar coisa boa na mão de quem realmente curta e aos poucos a gente vê quem é modista e quem não é.
O lado ruim? Muita gente nada a ver tendo acesso a coisas que jamais teriam se não fosse a internet, banalização de toda uma ideologia, falta de radicalismo consciente.
Muita gente jogando certos princípios no ralo, é o certo tido como errado e vice versa, muita gente achando que o rock/metal é apenas mais um estilo musical e é aí que a bosta começa.

09- Como você resumiria essa mais de uma década da banda? Quais foram as melhores experiências em todo esse tempo? O que difere a banda dos primórdios para o que ela é atualmente?
Hussein: Tivemos muitos momentos bons e ruins todos esses anos. Tudo serviu como um aprendizado, não só musical, mas como ser humano também.
Conheci muitas pessoas legais nesses anos, tocamos com várias bandas que gostamos e aos trancos e barrancos fui realizando as metas e objetivos.
As coisas poderiam ser bem mais fáceis, mas infelizmente a gente escolheu o caminho mais difícil não se vendendo e não se submetendo a certas coisas como alguns dos ex-integrantes ou algumas pessoas gostariam que a gente fizesse.
Esse foi um dos grandes motivos de muitos saírem da banda, mas pelo menos eu posso deitar a minha cabeça no travesseiro e estar com a consciência limpa de saber que sempre fui verdadeiro comigo mesmo.
Bem, nos primórdios todos tinham a vontade de tocar, estávamos animados, mas a coisa era muito amadora ainda e não era todo mundo que estava a fim de se dedicar e levar a sério, não sabíamos tocar direito e não tínhamos nem equipamento hehe
Hoje as coisas melhoraram, a banda foi tomando um rumo mais sério, outras pessoas foram entrando e fazendo as coisas acontecer.
A garra e a vontade de tocar continuam a mesma hehe A única coisa é que hoje investimos mais em instrumentos, aprendemos a tocar mais e levamos mais a sério (embora alguns não levem e acabam desistindo).

10- Muito obrigado pela entrevista Hussein, deixe suas considerações finais, e um recado para os fãs da banda.
Hussein: Muito obrigado pelo espaço cedido, espero que os leitores tenham gostado da entrevista.
Em breve estaremos lançando novos materiais, fiquem ligados. Quem quiser conhecer mais sobre a banda é só entrar em contato conosco pelo facebook ou através do e-mail nosferatublood@bol.com.br. Tem o myspace da banda também www.myspace.com/nosferatubrazil e é só procurar no youtube que tem alguns vídeos da banda.
Valeu!
Abraço!



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 Entrevista The Unhaligäst

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